sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Masamune, o maior forjador de espada do Japão

Masamune Okazaki (正宗), também conhecido como Goro Nyudo Masamune (Padre Goro Masamune), é amplamente conhecido como o maior ferreiro de espadas do Japão. Mesmo não sendo conhecidas as datas em que nasceu e morreu, Masamune alcançou um status quase lendário. Entretanto, é consenso que ele fez a maioria das espadas entre 1288 e 1328 D.C.. Criou as espadas conhecidas hoje como Katanas, em Japonês, e as adagas chamadas Tanto, na tradição Soshu. Acredita-se que trabalhou e viveu na Província de Sagami. um tipo especial de Katana, longa e que pode chegar a 150 centímetros é uma de suas invençôes, sendo que seu estilo recebe até hoje o nome de Masamune-to. Existe um prêmio para ferreiros de espadas chamado Prêmio Masamune no Japão. Embora não contemple ferreiros de espadas todos os anos, contempla ferreiros que fizeram trabalhos excepcionais. Nos jogos Chrono Trigger e sua continuação Chrono Cross, existe uma espada que se chama Masamune. Assim como as katanas de Nyudo Masamune , essa espada possui um grande poder espiritualCor do texto.

A lenda dos 47 Ronins



A lenda dos 47 rōnin (四十七士 Shi-jū Shichi-shi, Yon-jū Nana-shi), "Incidente de Akō" (赤穂浪士, Akō rōshi),"Acidente de Genroku Akō" (元禄赤穂事件 Genroku akō jikeno) "Lenda dos 47 samuráis", é uma história japonesa, considerada como lenda nacional neste país, por vários estudiosos. Este evento aconteceu aproximadamente entre 1701 e 1703. É a lenda mais famosa do código de honra Samurai: o Bushidō.

A história conta que um grupo de samurais (exatamente 47) foram forçados a se tornarem rōnin (浪人) (Samurais sem um senhor), de acordo com o código de honra samurai, depois que seu daimyō (senhor feudal) foi obrigado a cometer seppuku (ritual suicida) por ter agredido um alto funcionário judicial nomeado Kira Yoshinaka, cujo titulo era Kōzukeno suke, em uma sede do governo. Os rōnin elaboraram um plano para vingar o seu daimyō, que consistia em matar Kira Yoshinaka, e toda sua família. Os 47 rōnin esperaram cerca de um ano e meio para não despertarem qualquer suspeita entre a justiça japonesa. Após o assassinato de Kira, se entregaram à justiça e foram condenados a cometer seppuku. Esta lendária história tornou-se muito popular na cultura do Japão, porque mostra lealdade, sacrifício, persistência e honra que as boas pessoas devem preservar em sua vida cotidiana. A popularidade da mística história aumentou rapidamente na modernização da era Meiji no Japão, onde muitas pessoas neste país anseiam em voltar às suas raízes culturais.

O ritual sagrado do Seppuku



Seppuku(切腹) é o termo formal para o ritual suicida chamado popularmente de harakiri (腹切り). Harakiri significa literalmente "cortar a barriga" ou "cortar o estômago". Era cometido por guerreiros samurais. Ele é feito para recuperar a honra pessoal ou limpar o nome da família, caso essa honra fosse perdida em alguma atitude indigna, evitar ser sequestrado em um campo de batalha ou por pura lealdade ao daimyo e acompanhá-lo eternamente.

O samurai banhava-se para purificar seu corpo e a sua alma. Então deveria ajoelhar-se e enfiar sua tanto, wakizashi ou um punhal, na barriga, no lado esquerdo, e cortá-la então, até o lado direito deixando assim as vísceras expostas para mostrar sua pureza de caráter e no fim puxar a lâmina para cima. O seppuku era muito doloroso, mas o samurai não podia demonstrar dor ou medo. Dentre os motivos para cometer seppuku está a falha ao servir seu senhor ou perda da honra por qualquer motivo. Se o senhor do samurai for derrotado na guerra e o samurai não comete seppuku, nenhum outro senhor irá contratá-lo e ele ficará conhecido como ronin. Por exemplo, no filme Ronin, com Robert DeNiro e Jean Reno, as personagens são como ronins actuais.

Seppuku é uma parte chave do Bushido, o código dos guerreiros samurais. Era utilizado pelos guerreiros para evitar cair nas mãos dos inimigos, ser usado por inimigo e para atenuar a vergonha que isso causaria. Os samurais podiam também receber ordens dos daimyo (senhores feudais) para que cometessemseppuku. Guerreiros que caíssem em desgraça também tinham permissão por vezes para cometer seppuku ao invés de serem executados. Como o principal ponto do ato era a restauração ou proteção da honra do guerreiro, os que não pertenciam a ordem dos samurais não eram obrigados e não se esperava que cometessem seppuku. Samurais mulheres somente poderiam cometer esse ato com permissão.

No livro The Samurai Way of Death, Samurai: The World of the Warrior, o dr. Stephen Tumbull menciona que o Seppuku era normalmente executado usando um tantō (espada). Poderia ocorrer com a preparação e na privacidade da casa do individuo, ou rapidamente em um local no campo de batalha enquanto os companheiros mantinham os inimigos a distancia.

No mundo dos guerreiros, seppuku era um feito de bravura que era admirado em um samurai que sabia haver sido derrotado, caído em desgraça ou mortalmente ferido. Significava que ele poderia terminar seus dias com os seus erros apagados e sua reputação não apenas intacta como engrandecida. O corte do abdômen liberava o espírito do samurai da forma mais dramática, sendo uma forma extremamente dolorosa e desagradável de morrer, e algumas vezes o samurai que o fazia pedia a um companheiro leal que fosse seu assistente e lhe cortasse a cabeça antes que esta pendesse ou que demonstrasse agonia, o que seria considerado uma desonra tanto para o que cometeu seppukuquanto para o assistente.

Alguma vezes o daimyo era chamado para fazer um seppuku como base para um acordo de paz. Isso deveria enfraquecer o clã derrotado de forma que a resistência deveria efetivamente cessar. Toyotomi Hideyoshi usou o suicídio de um inimigo nesse sentido várias ocasiões, a mais dramática das quais encerrou a dinastia daimyo definitivamente quando Hōjō foi derrotado em Odawara em 1590. Hideyoshi insistiu no suicídio do daimyo Hōjō Ujimasa, e no exílio de seu filho Ujinao. Com um corte de uma espada a mais poderosa família de daimyos do Japão teve o seu fim.

"Apenas vencendo o medo da morte, alguém pode descobrir o enigma da vida."

KAMIKAZE


Kamikaze (Kamikaze-tokkō-tai 神風特攻隊)(神風 de kami significando "deus" e kaze, "vento") é uma palavra Japonesa - comum por ter se tornado o nome de um tufão que se diz ter salvo o Japão em 1281 de ser invadido por uma frota líderada por Kublai Khan, conquistador do Império Mongol .
Em Japonês o nome "kamikaze" é apenas usado para designar este tufão, e neste caso, pode ser traduzido como: "Vento de Deus em prol do Japão". Na língua inglesa, contudo, refere-se habitualmente a um ataque suicida usado pelos pilotos japoneses que combateram na Segunda Guerra Mundial.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

História da Katana




A espada foi a arma mais usada no Japão medieval, principalmente após sua unificação pelo Shogun Tokugawa Ieyasu (início do séc XVII), período de muitos duelos entre samurais. Tão grande era sua importância que foi declarada privilégio exclusivo da classe guerreira em 1588. “A espada é a alma do samurai”, disse Tokugawa Ieyasu.
Um samurai era facilmente reconhecido pelas ruas por portar duas espadas presas ao obi, uma longa, a Katana (de 60 a 90 cm), usada nas lutas em locais amplos, e uma menor, a Wakisashi (de 30 a 60 cm), para espaços fechados (castelos, florestas). O Daishô, nome dado ao conjunto, representava o estatuto máximo dos samurais, simbolizando o orgulho e emblema do guerreiro. Havia uma terceira arma, o Tanto, uma faca fina que ficava escondida e era usada só em emergências.

A história da Katana está ligada à história do Japão e ao desenvolvimento das técnicas de luta. Sua denominação muda conforme o período ao qual as peças pertencem.

Jokoto ano 795
Koto (espadas antigas) 795-1596
Shinto (espadas novas) 1596-1624
Gendaito (espadas contemporâneas) 1876-1953

Jokoto
Durante o período Jokoto (800 d.C.), as espadas usadas eram retas, com fio simples (a Chokuto) ou duplo (Ken) e pobremente temperadas. Não havia um desenho padrão e eram atadas à cintura por meio de cordas. Evidências históricas sugerem que elas eram feitas por artesãos chineses e coreanos que trabalhavam no Japão.

Koto
A partir do período Heian (794-1185), surge o termo Nipponto ou Nihonto, que significava “espada japonesa” (nippon=japão, to=espada). A mudança no estilo de luta criou a necessidade de alteração no seu formato. Não se guerreava mais a pé, mas sim a cavalo. As espadas tornaram-se longas, curvadas, com uma base mais larga e forte e uma ponta bem fina. As espadas desta época são chamadas de Tachi e representam a categoria das antigas espadas ou Koto.
Neste período, as inscrições nas espadas derivavam, de motivos budistas, representando a forte ligação do cuteleiro com a religião e com seu trabalho. Foi criado o método de forjar com a superfície extremamente dura e o núcleo macio.
O período Kamakura (1185-1333), com o Japão sob domínio da classe guerreira, foi considerado a época de ouro da espada japonesa. Muitas espadas consideradas tesouro nacional foram produzidas neste período.
A Katana (a clássica arma dos samurais) surgiu no período Muromachi. Com os feudos em guerra, enquanto os exércitos cresciam, os soldados a cavalo se tornavam mais raros e a força principal vinha daqueles que combatiam a pé. Variando entre 60 a 90 cm no comprimento e com lâmina de largura uniforme, eram mais fáceis de carregar e mais rápidas para sacar.

Shinto
Era Edo. Iniciou-se o governo de Tokugawa e, apesar das armas de fogo já fazerem parte do armamento dos exércitos, as espadas ainda eram produzidas e de forma ainda mais refinada, com a matéria-prima mais acessível e a troca de experiência entre os cuteleiros que passaram a viajar com os exércitos.
A espadas deste período são conhecidas como espadas novas.
Esta fase foi curta, pois com a unificação interna do Japão, foi instituída uma lei proibindo o porte de espadas pelos samurais. Soma-se a isto a inflação e a queda na qualidade do aço produzido, piorando a qualidade das espadas.

Gendaito
Espadas feitas a partir da era Meiji são chamadas de espadas modernas ou Gendaito. Estas foram feitas na maior parte para os oficiais militares japoneses, para rituais e ocasiões públicas. Apesar de possuírem as mesmas formas de uma espada tradicional, não tinham as características principais do artesanato (feito a mão) e do aço não industrial.


Shinken Katana - A alma do samurai





Katana (pronuncia-se "cataNA", palavra oxítona) é o sabre longo japonês. Surgida no período Muromachi, era a arma padrão dos samurais e também dos ninjas para a prática do kenjutsu, a arte de manejar a espada. Tem gume apenas de um lado, e sua lâmina é ligeiramente curva. Era usada tradicionalmente pelos samurais, acompanhada da wakizashi. A katana era usado em campo aberto, enquanto a wakizashi servia para combate no interior de edifícios, apesar de samurais mais habilidosos usar ambas ao mesmo tempo, uma em cada mão, como o lendário Miyamoto Musashi. O conjunto das duas armas chama-se daisho, literalmente "grande e pequeno", e podia ser usado apenas pelos samurais, representando seu prestígio social e honra pessoal. A difereça entre a katana ninja (Ninja-to) e a katana samurai se da na sua forma, sendo que a ninja tem forma reta e ponta também reta, tendo a lâmina não tão afiada (em razão da pratica do "doku no jutsu" - envenenamento), já a samurai possui uma leve curvatura e ponta semi-curva, muito bem afiada. Isso se dá a diferença de que o ninja carrega sua espada nas costas, portanto um corte vertical de cima para baixo, e o samurai levar sua espada na altura da cintura realizando um corte transversal de baixo para cima ou horizontal.
A espada Katana era muito mais que uma arma, para um samurai, era a extensão de seu corpo de sua mente. Forjadas em seus detalhes cuidadosamente, desde a ponta, até a curvatura da lâmina eram trabalhadas totalmente mão. Assim, os samurais virtuosos e honrados faziam de sua espada uma filosofia de vida. Para o samurai, a espada não era apenas um instrumento de matar pessoas, mas sim uma forma de fazer a justiça e ajudar as pessoas. A espada ultrapassava seu sentido material; simbolicamente, era como um instrumento capaz de "cortar" as impurezas da mente. Além da katana, os samurais portavam um outras espada menor, o Wakizashi. Alguns a usavam para lugares menores, outros usavam-na simultaneamente com a katana dependendo do estilo de luta do samurai. Alguns carregavam um faca para emergências.
Havia ainda um sabre pequeno, chamado tantô. Esta era utilizada não apenas para combates, mas também para o ritual do seppuku (suicídio ritual). A diferença básica entre as três era o tamanho, tendo a katana um comprimento de 60 ~ 90 cm de lâmina (hamon); a wakizashi entre 30 ~ 60 cm; e o tantô com comprimento de cerca de 30cm. Cada espadachim escolhia as espadas de acordo com as suas preferências, tanto em termos de forja quanto em termos de comprimento e curvatura da lâmina.
As medidas das espadas japonesas são referenciadas em shaku (equivalente a 30cm). Qualquer lâmina menor que um shaku é considerada uma tanto, se o comprimento da lâmina for entre um e dois shaku então ela é considerada como uma shoto (é a categoria da wakizachi e kodachi). Se a lâmina possuir um comprimento maior que dois shaku, então ela é considerada como uma katana. Ainda, se a lãmina tiver de quatro a cinco shaku, ela é considerada uma Masamune (katana de três punhos)
Afora estes, existem muitas outras variantes de sabres japoneses.

Esquema de uma katana
Kenjutsu, Kendo, Iaidô e Iaijutsu são as artes marciais comumente associadas ao manejo da katana.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Código de Honra

A classe guerreira do Japão feudal conhecida como samurai (ou bushi), conseguiu fama por sua bravura, técnicas marciais, honra e por seu espírito inabalável diante da morte. Essa reputação se deve à um código de ética e conduta, seguido e vivido pelos guerreiros, conhecido como bushido.

Preceitos do Bushido:

GI - Justiça e Moralidade
Atitude direta, razão correta, decidir sem hesitar;

YU - Coragem
Bravura heróica;

JIN - Compaixão
Benevolência, simpatia, amor incondicional para com a humanidade;

REI - Polidez e Cortesia
Amabilidade;

MAKOTO - Sinceridade
Veracidade total, nunca mentir;

MEIYO - Honra
Glória;

CHUGO - Dever e Lealdade
Devoção, Lealdade.

O bushido oferece padrões que regem a vida do guerreiro samurai, principalmente no que diz respeito a honra e coragem. Para o samurai, morrer em uma batalha ou duelo, significa honrar o nome de sua família e de seus ancestrais. Falhar diante do dever de proteger seu senhor, era a maior desonra para o guerreiro, que não tinha outra escolha senão cometer o suicídio, conhecido como seppuku.

Seppuku ou Harakiri

Para evitar a desonra da captura ou a vergonha de sair vivo de um duelo quando derrotado, o samurai praticava um ritual chamado seppuku, que significa: suicídio ventral. No geral, segundo seu código de conduta, quando um samurai perdia sua honra de alguma forma, ele se via na obrigação de cometer o suicídio.

O harakiri, como também é chamado tal suicídio, se baseia numa morte lenta e dolorida, em que o samurai fincava uma pequena espada ao lado do abdômen e cortava o próprio ventre de uma ponta a outra. Porém, antes de atravessar o abdômen com uma lâmina, era feito todo um ritual, que ia desde a composição de um poema de morte por parte do samurai, até um banho de purificação do corpo e da alma. Depois o samurai se recostava num pequeno banco de modo que quando morresse, seu corpo não caísse pra trás. Pegava então sua espada curta ou uma adaga afiada e cortava o corpo na altura do abdômen, terminando por puxar a lamina pra cima. Era importante o samurai ter total auto-controle e não mostrar sinais de medo ou dor. Caso o samurai não tivesse mais agüentando a dor, um parente ou amigo íntimo entre os espectadores do ritual, empunhava uma espada e com ela, decepava a cabeça do samurai de modo que a espada não transpassasse totalmente o pescoço do samurai, deixando sua cabeça pendurada por uma fina camada de pele, para que ela não rolasse no chão.

Entretanto, o ritual nem sempre poderia ser seguido nesses detalhes. Nos campos de batalha por exemplo, pra evitar de ser capturado, o samurai derrotado apenas enfiava a espada em seu abdômen.

O suicídio tem um enorme valor no Japão, pois difere os samurais das outras castas guerreiras e prega o conceito de que mais vale a morte do que a desgraça de ter o próprio nome desonrado. Essa influência se vê ainda nos dias de hoje e um exemplo comum disso, são os pilotos kamikase da Segunda Guerra Mundial.

Em 1703, 47 ronin desafiaram o poder do xogun degolando o mestre de etiqueta, culpado pela morte do antigo amo deles. Em seguida, os ronin cometeram seppuku, tornando-se os mais reverenciados rebeldes do Japão inclusive nos dias de hoje.

Credo do Samurai
Autor desconhecido

Eu não tenho pais, faço do céu e da terra meus pais.
Eu não tenho casa, faço do mundo minha casa.
Eu não tenho poder divino, faço da honestidade meu poder divino.
Eu não tenho pretensões, faço da minha disciplina minha pretensão.
Eu não tenho poderes mágicos, faço da personalidade meus poderes mágicos.
Eu não tenho vida ou morte, faço das duas uma, tenho vida e morte.

Eu não tenho visão, faço da luz do trovão a minha visão.
Eu não tenho audição, faço da sensibilidade meus ouvidos.
Eu não tenho língua, faço da prontidão minha língua.

Eu não tenho leis, faço da auto-defesa minha lei.
Eu não tenho estratégia, faço do direito de matar e do direito de salvar vidas minha estratégia.
Eu não tenho projetos, faço do apego às oportunidades meus projetos.
Eu não tenho princípios, faço da adaptação a todas as circunstâncias meu princípio.
Eu não tenho táticas, faço da escassez e da abundância minha tática.

Eu não tenho talentos, faço da minha imaginação meus talentos.
Eu não tenho amigos, faço da minha mente minha única amiga.
Eu não tenho inimigos, faço do descuido meu inimigo.
Eu não tenho armadura, faço da benevolência minha armadura.
Eu não tenho castelo, faço do caráter meu castelo.
Eu não tenho espada, faço da perseverança minha espada.

Yoroi - A Armadura


A história dos samurais se confunde com a da espada japonesa, cujo surgimento data do século 5 d.C. com o desenvolvimento de espadas influenciadas por modelos chineses conhecidas como chokuto. Porem, conforme a transfiguração das batalhas, foi necessário mudar o estilo da espada para atender às necessidades dos guerreiros eqüestres. A lâmina ficou mais curva, longa e afiada, aumentando seu poder de corte. Essas espadas ficaram conhecidas com tachi. Com as mudanças nas espadas, estas adquiriram identidade própria, afastando-se dos modelos chineses, dando origem ao nome nihonto, que literalmente significa "espada japonesa". No século 11, o nihonto, já havia adquirido seu estilo peculiarmente curvo e as espadas eram forjadas. Surgiu também um modelo de espada menor, com cerca de 30 centímetros, chamado tanto que servia como arma de apoio e era utilizada com apenas uma mão.

Com as invasões mongóis no século 13, percebeu-se certas falhas no tachi o que levou ao desenvolvimento de outros tipos de espadas. Na segunda metade do século 16, vieram os últimos ajustes na espada japonesa e a partir daí, os guerreiros passaram a carregar à cintura um conjunto de espadas conhecidas como Daisho, composto de uma espada longa de nome katana (a clássica espada samurai), que mede entre 60 e 80 centímetros e wakizashi (a espada curta) que mede em torno de 50 centímetros. Essas espadas eram o símbolo-distintivo da classe dos samurais ou bushi.

No início do período Tokugawa, o xogum realizou o recolhimento de todas as armas do país, deixando-as apenas para a classe dos bushi. Portar as duas espadas era sinal de poder e status da classe samurai nesse período que vai até o ano de 1876, quando foi instituída uma lei proibindo aos samurais o uso de espadas, promovida pelo Imperador Meiji. O novo regime que procurava unificar e reestruturar o Japão, concentrava-se na modernização do país, e os samurais perderam seus privilégios como o de carregar as duas espadas. Isso decretaria o fim da classe samurai. Ainda assim as espadas eram fabricadas e a maior parte delas eram usadas em cerimônias xintoístas, até que foram proibidas pelos Estados Unidos, de serem usadas e fabricadas, após a Segunda Guerra Mundial, quando foram destruídas cerca de 5 milhões de lâminas. Os americanos temiam essas armas e em 1953, foi suspensa a proibição da posse da espada.

Hoje a fabricação de espadas é controlada pelo governo japonês. Os forjadores devem ser registrados e para se tornar um, é preciso ser aprendiz de outro forjador por um determinado espaço de tempo. Além disso, o número de espadas fabricadas por cada cuteleiro é limitado. Dessa forma, hoje são produzidas lâminas com beleza e qualidade tão boas ou melhores do que as usadas pelos guerreiros samurais no antigo Japão.

Armadura Samurai

Bem como as espadas, as armaduras tiveram seu estilo importado da China e também sofreram mudanças conforme o período da história. Essas mudanças variavam também de acordo com o clã e o status do samurai. A armadura clássica do samurai, o yoroi, como também era conhecida a armadura japonesa, oferecia ao guerreiro, boa liberdade de movimentos e uma excelente proteção. Era formada por pequenas chapas de metal laqueado ligadas por cordas de seda ou couro, resistentes o suficiente ao corte de um katana por exemplo.

No princípio as armaduras foram feitas para serem usadas somente à cavalo, pois pesavam cerca de 30 kg e as mais pesadas chegavam a pesar 40 kg, o que era muito desvantajoso numa batalha a pé, por falta de flexibilidade. Mais tarde, as armaduras foram modificadas de modo que elas ficassem mais leves. Foram mantidos os cordões e os guerreiros samurais que lutavam a pé, passaram a usar uma indumentária mais simples chamada do-maru.

Dentre as armaduras produzidas, as mais conhecidas eram as chamadas yoroi, kachu, haramaki, do-maru e gusoku.

Partes da armadura samurai:

Suneate - Protetor de canela composto por duas lâminas verticais presas por juntas ou correntes e, geralmente, alinhadas com tecido. Haviam também lâminas de couro presas na parte inferior que ficavam em contato com o estribo na cavalgada.

Haidate - Protetor de coxas. Tipo de avental com a parte inferior sobreposta de lâminas de metal ou couro.

Yugake - Luvas feitas de pele de animal que poderiam ter um orifício na palma; acreditava-se ser o olho de um porco selvagem. A mão direita deveria ser colocada antes da esquerda.

Kote - Mangas feitas de diversos materiais, como tecido, couro, lâminas de metal, que serviam para proteger os antebraços e os punhos.

Do - Protetor de abdômen feito de lâminas. Existiam vários tipos de Do, alguns cobertos com placas de metal ou de bambu.

Kusazuri - Tipo de saia feita de lâminas de metal que servia para proteger a virilha e as coxas e era presa a um cinto de couro ou amarrada ao Do.

Uwa-obi - Cinto feito de linho ou algodão que amarrava o Do.

Sode - Protetor de ombros feito de lâminas de metal. Osode e Chosode eram tipos maiores usados somente por importantes oficiais.

Hoate - Máscara cujo modelo variava conforme o período. Um tipo específico de máscara ou viseira que cobria o nariz, o queixo e as bochechas era chamado de Mempo. Haviam seis diferentes estilos, alguns tinham bigodes ou aparência demoníaca.

Kabuto - Capacete com centenas de estilos diferentes que variavam conforme o período. Eles simbolizavam o poder e status do samurai e podiam ser adornados com chifres ou formas de monstros, o que dava uma aparência ainda mais assustadora.



A Estratégia de Musashi Sensei


Miyamoto Musashi foi um extraordinário guerreiro que sobreviveu a um dilema histórico na civilização japonesa para os guerreiros. Ele escreveu sua obra, "Go Rin No Sho", em 1643 e nela usou técnicas educativas e métodos de aprendizado para representar seu papel atual na adaptação da cultura a um novo período histórico no Japão. A peculiaridade no seu papel específico como guerreiro nessa fase da história japonesa, residia no fato de que para ele a guerra deixara de existir e só havia restado somente funções administrativas e policiais no Japão nesta época.

Nessas condições, o caminho do guerreiro como meio de auto-aperfeiçoamento tornar-se-ia uma ameaça à sociedade. Para guerreiros como Musashi, essa necessidade de aperfeiçoamento como guerreiro, tornou-se uma obsessão de abater-se em duelos, já que não havia mais guerras.

Essa luta solitária, constituiu um grande fator na formação do pensamento de Musashi e sua obra sobre o guerreiro, com atenção particular aos detalhes estratégicos e à abordagem sistemática.

No seu "Livro dos cinco anéis", Musashi ressalta a importância de discernimento perceptivo, não apenas no caminho do guerreiro, mas em todas as posições sociais para adquirir um compreensão objetiva dos mecanismos do senso de oportunidade e de sucesso.

Musashi tentou estabelecer uma base teórica e prática para completar a personalidade do guerreiro, sob a influência do zen-budismo e confucionismo. Na introdução do seu tratado sobre a estratégia e artes marciais, Musashi descreve um plano detalhado geral para evolução da mente do guerreiro como um todo:

  • Não pense desonestamente, pense no que é correto e verdadeiro.

  • Coloque a ciência em prática, o caminho está no treinamento.

  • Familiarize-se com todas as artes.

  • Familiarize-se com todos os ofícios, conheça o caminho de todas as profissões.

  • Perceba as qualidades positivas e negativas de tudo, distinguindo entre ganho e perda nas questões mundanas.

  • Desenvolva julgamento intuitivo e compreensão de todas as coisas, aprenda a ver tudo com cuidado.

  • Note aquelas coisas que não podem ser vistas, tomando consciência daquilo que não é obvio.

  • Preste atenção a tudo, mesmo aparentes baboseiras, sendo cuidadoso até mesmo nas pequenas questões.

  • Não faça nada que não tenha utilidade.
  • Dokudo - "O caminho da auto-confiança"

    Em 12 de maio do ano de Soho (1645), Musashi recebia tratamento em sua residência no castelo de Chiba devido a uma enfermidade. Nesse período, ele escreveu e depois apresentou alguns artigos à amigos íntimos e seguidores. Esses artigos são conhecidos como dokudo ou dokkodo que significa "caminho da auto-disciplina".

    No documento original existem 21 frases que Musashi escreveu à seus futuros seguidores, mas os artigos estavam endereçados diretamente para seu aluno Magonojo Terao.

    1. Eu nunca ajo contrário à moralidade tradicional.
    2. Eu não sou parcial com nada e nem com ninguém.
    3. Eu nunca tento arrebatar um momento de sossego.
    4. Eu penso humildemente de mim e grandemente para o público.
    5. Sou inteiramente livre de ganância em toda minha vida.
    6. Eu nunca lamento o que já fiz.
    7. Eu nunca invejo a boa sorte dos outros, mesmo estando com má sorte.
    8. Eu nunca aflijo-me por qualquer um, qualquer coisa ou qualquer tempo.
    9. Eu nunca censuro ninguém, ou me censuro para alguém.
    10. Eu nunca sonho em apaixonar-me por uma mulher.
    11. Gostar e não gostar de algo, é um sentimento que não tenho.
    12. Qualquer que seja a minha moradia, eu não tenho nenhuma objeção à ela.
    13. Eu nunca desejo um alimento saboroso.
    14. Eu nunca tenho objetos antigos ou curiosos em meu poder.
    15. Eu nunca faço purificação ou abstinência para proteger-me do mal.
    16. Eu não tenho apreço por nenhum objeto, exceto espadas e outras armas.
    17. Eu nunca daria minha vida por uma causa injusta.
    18. Eu nunca desejo possuir bens que tornem minha velhice confortável.
    19. Eu adoro deuses e budas, mas nunca penso em depender deles.
    20. Eu prefiro me matar do que desonrar meu bom nome.
    21. Nunca, nem por um momento sequer, meu coração e minha alma desviaram-se do caminho da espada.

    DOKKODO - Terao Magonojo - Genshin - Shoho (1645) Gogatsu 12 (12 de Maio) Shinmen Musashi

    Niten Ichi Ryu

    Geralmente os samurais seguravam a espada com as duas mãos, mas Musashi desenvolveu um estilo único de combate no qual segura-se duas espadas, uma curta e uma longa em cada mão. Seu estilo ficou conhecido como nito ichiryu (duas espadas, uma escola) ou niten ichiryu (dois céus, uma escola). Musashi dizia que o guerreiro não deve morrer sem antes ter usado suas armas. Entretanto, Musashi nunca usou as duas espadas em um duelo contra algum guerreiro habilidoso, somente usava as duas espadas quando enfrentava vários adversários ao mesmo tempo.